6.1.17

[Resenha #14] O Grupo




Autor: Saulo Moreira

Título: O Grupo

Editora: PenDragon

Ano da Publicação: 2016

Volume: 1

Páginas: 232

Gênero: Suspense, Thriller


Livro gentilmente cedido pelo autor


Sinopse:Em meio às incertezas da juventude, nove amigos pretendem se reunir para jogar RPG após meses separados. Trabalho, estudo e as demais responsabilidades da vida adulta os impedem de jogar constantemente como faziam outrora. 

O Grupo é um excitante suspense policial com fortes traços de terror e traz em si um debate social. Versa sobre família, explora as diferenças que um ambiente bem estruturado pode causar no desenvolvimento dos jovens e as terríveis consequências que um lar em desarmonia pode causar. Fala a respeito de amizade, de como os integrantes de um grupo heterogêneo, com divergentes visões religiosas, diferenças socioeconômicas e de filosofia de vida podem se unir em tordo do que eles têm em comum, o RPG. Busca debater acerca da influência que jogos e o RPG podem exercer sobre a juventude atual. Tudo isso envolto em uma aura de mistério e suspense onde uma figura encapuzada e mascarada persegue os amigos, e através de um macabro ritual, cobiça expurgar os pecados dos jogadores lavando-os através do sangue.
Sem perceber o perigo que correm, os integrantes continuam jogando e se divertindo como bem entendem, mantendo o comportamento libertino regado a bebidas, sexo, diversão e brigas.

Acompanhem o desenvolvimento macabro de um assassino que se torna cada vez mais cruel e de sangue frio. Tente desvendar o mistério de quem é o manipulador responsável por todo este drama.’’


‘’O Grupo’’ é a primeira publicação de Saulo Moreira. O livro se inicia mostrando uma partida de RPG (um jogo onde o participante assume o papel de seu personagem) entre 4 amigos (Eduardo, Júlio, Samuel e Carlos), que se reuniram após meses afastados devido a compromissos como trabalho e faculdade. Dias após o jogo, o grupo decide se unir novamente, desta vez com 9 pessoas, de modo a juntar todos os amigos. Todos viajariam juntos para um sítio no feriado, a fim de se divertirem disputando partidas de RPG, pôr a conversa em dia e beber.

O que nenhum deles esperava era a presença de um misterioso ser encapuzado, disposto a acabar com a vida de todos os jogadores através de um ritual macabro. O assassino acreditava que o RPG era um jogo violento, destrutivo e pecaminoso, e por isso, era um mal a ser combatido. Com o intuito de ‘’lavar a alma’’ dos jogadores e libertá-los, o ser encapuzado passa a perseguir os jovens do grupo para matá-los em um ritual que os libertaria de seus pecados.


“Essa é a ideia. Que através da dor vocês sejam purificados, que sirvam de sacrifício para um bem maior. Lavarei suas almas com sangue.’’

Em pouco tempo, um a um os jovens são eliminados de forma brutal, colocados em um pentagrama e tendo seus pulsos cortados para sangrar até a morte. Saulo nos mostra com maestria a forma como o assassino se sente diante de suas ‘’presas’’. O prazer ao ver suas vítimas indefesas e em total desespero nos leva a pensar nos limites do ser humano.


‘’Espero que você esteja sofrendo, pois a dor purifica a alma. Queria que vocês pudessem sentir dor, mas como fazer isso sem que os outros percebam? Duvido que não gritariam como mocinhas amedrontadas quando a morte bater em suas portas.’’

A obra é narrada em 3ª pessoa e se passa em alguma cidade do Brasil. No decorrer da narrativa, nos deparamos com os conflitos pessoais dos personagens e os efeitos que eles exercem em suas vidas.  O autor também põe em pauta algumas questões sociais, como o machismo, racismo, conservadorismo e até que ponto os jogos podem influenciar a vida de uma pessoa. Também nos deparamos com uma boa dose de mistério, muitas brigas, reflexões e personagens bem construídos. No final, o autor nos explica o que motivou o assassino a cometer tais crimes.

Quem não é muito familiarizado com os jogos de RPG pode se sentir ligeiramente deslocado nos capítulos em que há partidas entre os amigos, mas ainda assim é possível compreender a história e seu desenrolar. O autor descreve de forma detalhista as cenas e seus personagens, fazendo com o que leitor se sinta inserido dentro do próprio jogo. Saulo Moreira dá um show de criatividade e conhecimento sobre o assunto.

Posso dizer que vivi uma história de amor e ódio, onde lidei com momentos monótonos, emocionantes, eufóricos e também bastante intrigantes. Ainda assim, ‘’O Grupo’’ infelizmente não me conquistou tanto assim. Com uma ótima proposta e enredo criativo, a história deixou um pouco a desejar com diálogos um pouco fracos e um final um tanto quanto previsível em relação a identidade de um dos assassinos. Além disso, poucos erros de revisão foram encontrados, porém a má colocação das vírgulas em alguns parágrafos deixou a leitura um pouco corrida e confusa.

Mesmo com alguns pontos negativos, ‘’O Grupo’’ foi uma leitura bem diferente do que estou acostumada, já que pude me inserir e saber um pouco mais sobre o universo do RPG. Foi uma leitura rápida, concluída em 2 dias. Apesar dos pesares, valeu a pena. Logo em sua primeira publicação, percebemos o talento do autor para criar suspenses e histórias com uma pegada mais ‘’hardcore’’. No final, fica a lição de que os jogos, por mais violentos que sejam, não são capazes de moldar o comportamento de uma pessoa, mas sim, as falhas no caráter do indivíduo. Não se deve culpar religião, jogos ou qualquer outra questão quando o verdadeiro mal reside dentro do próprio indivíduo.

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